O lado sombrio do UX: lições do OnlyFans
Analise o design de UX do OnlyFans e suas implicações éticas.

Quando pensamos em design de experiência do usuário (UX) excepcional, geralmente nos concentramos em plataformas de e-commerce, ferramentas SaaS ou sites governamentais. Raramente exploramos as plataformas adultas, que prosperam quebrando tabus e dominando o engajamento do usuário. Entre elas, o OnlyFans se destaca, revolucionando a interação entre criadores e consumidores na era digital, graças ao seu UX.
O OnlyFans tornou o conteúdo exclusivo acessível de maneira sedutora. Através de paywalls, assinaturas e interações personalizadas, a plataforma não apenas vende conteúdo, mas também intimidade. O processo é simples e fluido, e o consumo de conteúdo se torna tão íntimo que os usuários esquecem que fazem parte de uma transação.
Um exemplo disso é a comparação com a Netflix, que oferece conteúdo exclusivo, mas sem interações pessoais. O OnlyFans preenche essa lacuna, transformando a exclusividade em uma experiência pessoal.
No entanto, essa abordagem levanta questões éticas. O design do OnlyFans explora relações parasociais, confundindo conexão genuína com engajamento transacional. Isso traz à tona o debate sobre a manipulação emocional para lucro, questionando se os designers estão cruzando uma linha ética.
Gamificação ou Jogo de Azar?
O OnlyFans mantém os usuários engajados e, muitas vezes, viciados. Funcionalidades como respostas a mensagens e interações diretas criam um ciclo de feedback de dopamina. Assim como jogos mobile, ele utiliza mecânicas para incentivar o gasto de tempo e dinheiro. No entanto, ao contrário de jogos, o OnlyFans faz os usuários acreditarem em uma reciprocidade inexistente.
Isso levanta a questão: até onde estamos dispostos a ir? É ético projetar sistemas que exploram vulnerabilidades psicológicas? Para muitos, o impacto financeiro e emocional é significativo.
Criadores: Empoderados ou Explorados?
O OnlyFans parece empoderar criadores com ferramentas de controle de preços e gestão de conteúdo. No entanto, muitos ficam presos em um ciclo incessante de produção de conteúdo e interação com fãs, arriscando perder assinantes e renda se não mantiverem o ritmo. Isso levanta a questão de onde traçar a linha entre empoderamento e exploração.
O Que Isso Significa para o UX?
O OnlyFans nos força a confrontar verdades desconfortáveis sobre a profissão de UX. Mostra o poder e o lado sombrio do design, destacando como a simplicidade e o engajamento podem ser usados para explorar.
Como designers, precisamos questionar se estamos confortáveis com isso e se aplicaremos essas lições de forma responsável ou se rejeitaremos estratégias potencialmente perigosas. O design de UX não é apenas sobre experiências fluídas, mas sobre moldar interações humanas e tecnológicas, o que exige enfrentar questões difíceis.